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sábado, 27 de abril de 2013

Pobre “novo” Maracanã “rico”


Sou daqueles que frequentava o Maracanã nos dias de grandes clássicos. Já presenciei um público de 193 mil pessoas, em um domingo à tarde, onde enfrentavam-se o Vasco e o Flamengo. Lembro-me bem das arquibancadas de concreto liso e da geral, um pouco mais abaixo, locais onde podia pagar o ingresso. Levava uma almofada, ou comprava-a nos arredores do estádio, para sentar na arquibancada. Na geral as pessoas ficavam o tempo todo em pé. Quem frequentava a arquibancada era conhecido como “arquibaldo”, e a geral, “geraldino”, conforme apelidou o jornalista Washington Rodrigues.

Chegava sempre por volta das 2 horas da tarde, pois o jogo começava às 5 horas. Gostava de ver o Maraca ir enchendo aos poucos. Assistia a preliminar,  geralmente um jogo entre juniores, enquanto, de relance, via o desfile das torcidas organizadas, entrando juntas desfraldando às suas lindas bandeiras. Embaixo, na geral, havia gente de todo tipo, branco, preto, amarelo, pobre, favelado, classe média; menos o rico, que preferia as cadeiras azuis ou a tribuna de honra. Na geral, sempre havia alguém fantasiado, desfilando, brincando... e de vez em quando  tinha arrastão, que logo acabava, após a intervenção dos policiais. Os “arquibaldos” e “geraldinos”, nos dias de jogos, “caçavam as bruxas” da semana, botavam pra fora todas as suas frustrações e angústias, era melhor do que uma psicanálise. Ou seja, era tipicamente uma festa popular, bem social, em plena ditadura militar. Naquela época, o povão fazia parte do espetáculo.

Existiam problemas também, como, os banheiros imundos e a urina espalhada pela parte de cima, por onde os “arquibaldos” saíam, ao final dos jogos.

Hoje, a geral não existe mais, as arquibancadas transformaram-se em cadeiras retráteis, e o povo, impedido de participar do espetáculo; pois, que trabalhador, carioca ou fluminense, conseguirá pagar um ingresso nesta Copa? Ou, no campeonato Carioca, brasileiro... dos anos vindouros?

Talvez consiga, por meio dos vários concursos que as grandes empresas, que acompanham a FIFA, realizarão, pois, só assim o pobre trabalhador conseguirá assistir, no estádio, a uma partida de futebol.

O Maracanã de outrora era de concreto, foi construído em tempo recorde, pouco mais de um ano, e durou 60 anos. O de hoje, custou muito mais, parece um circo, mas sem o povão, que faz o papel de palhaço, nesta “rica” história; pois, foi com o seu dinheiro que o estádio foi reconstruído  financiando, sem saber, a sua exclusão daquele que era o nosso maior orgulho como brasileiro, o que era o “maior do mundo”, onde a seleção apresentava o melhor futebol do mundo.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

A Bomba Legal



Antigamente, a violência era visível, sentida fisicamente, quase que palpável.  Hoje, ela é invisível, sentida na alma, intangível. O que estou querendo dizer é que a violência física pode ser combatida por apenas um indivíduo, mas, a violência intangível exige conhecimento técnico e mobilização.

Na época da ditadura, como exemplo de violência tangível, havia a violência física, explícita, de ambos os lados, sequestros, assassinatos, atentados, roubos à bancos, torturas físicas... Atualmente, a violência é sutil, não mata de fome, mas, de desesperança; também, não mata de pancada, todavia, mata a dignidade, a família, o bairro, a cidade, o estado e o país. Estamos, agora, além da “Bomba Suja” descrita no poema de Ferreira Gular. As crianças não morrem mais só de diarreia, mas, por falta de uma família estruturada, de boas escolas e de oportunidades, morre fumando crack ou assaltando alguém para sustentar a droga ou a onda consumista que assola o Brasil.

Por exemplo, como você se sente ao ler uma notícia assim: Câmara dos Deputados e Senado deverão gastar em 2013 R$ 23 milhões POR DIA. Valor equivale aos gastos de seis ministérios.” Ou, Câmara gasta R$ 280 milhões em reforma de imóveis. Só em banheira de hidromassagem, gastos devem chegar a R$ 1,5 milhão”. Ainda, “cada um dos 594 parlamentares do Brasil custa para os cofres públicos US$ 7,4 milhões por ano; veja a lista.” Por fim, “ALERJ gasta R$43,2 mil com café expresso”?

Contra esta violência não adianta falar, espernear, escrever... Sendo assim, não importa se é uma democracia ou outro regime de governo. Ela dói na alma, mata a esperança, inibe a motivação, degrada a sociedade, corrompe as pessoas, aumenta as favelas e emburrece o homem.

O que será que dói mais, é saber que o Poder Legislativo não cumpre o seu papel constitucional; e, mesmo não servindo aos anseios da população, possui um orçamento maior do que muitos países; assistir a morte de centenas de pessoas em uma boite, vítimas da omissão do gestor público e da corrupção que tomou conta de todas as esferas de governo; ou, assistir a tudo isto e não poder fazer nada? Pois, para quem não sabe, o “orçamento do Congresso é suficiente para construir mais de 163 mil casas populares. Câmara dos Deputados e Senado Federal terão disponíveis R$ 8,5 bilhões em 2013”.

Na violência explícita, tangível, física, você pode rebelar-se, como outrora fez a nossa Presidente da República, José Dirceu e José Genuíno. Mas, na violência implícita, sutil, intangível, como, por exemplo, não ter a certeza de que os mensaleiros serão encarcerados  não entender a transparência opaca das contas públicas; gastos com estádios sem obras de acesso, transporte, infraestrutura...; assistir a nossa juventude se perdendo nas casas de reabilitação; os melhores empregos sendo oferecidos aos estrangeiros em nossas empresas; especulação sobre a compra de aviões de guerra obsoletos dos americanos, criando milhares de empregos lá, em detrimento de investimentos em pesquisas aqui; ver o governador de São Paulo, criando lobby em Brasília, para abaixar a maioridade penal... O que fazer, se a lei é feita por eles, se os órgãos de controle dormem, como o País, em berço esplêndido? O que fazer se o “Hacker sabe como fraudar eleições informatizadas” ?

Fontes:

1) Câmara dos Deputados e Senado deverão gastar em 2013 R$ 23 milhões POR DIA. Valor equivale aos gastos de seis ministérios
(Fonte: http://glo.bo/Wg7Qqp).
2) Câmara gasta R$ 280 milhões em reforma de imóveis.
Só em banheira de hidromassagem, gastos devem chegar a R$ 1,5 milhão.
(Fonte: http://news.google.com/news/url?sa=t&fd=R&usg=AFQjCNF2A1qIwXqptRZP7X1xcinvfc7vcQ&url=http%3A%2F%2Fexame.abril.com.br%2Fbrasil%2Fpolitica%2Fnoticias%2Fcamara-gasta-r-280-milhoes-em-reforma-de-imoveis)
3) Cada um dos 594 parlamentares do Brasil custa para os cofres públicos US$ 7,4 milhões por ano; veja a lista
(Fonte: http://uol.com/bscWN0)
4) Para sair no Bloco do sumiço: oposição, só depois do carnaval . Mesmo com a inflação deixando o governo em dias difíceis, oposicionistas não aparecem no Congresso.
(Fonte:http://glo.bo/12ylmY7)
5) Orçamento do Congresso é suficiente para construir mais de 163 mil casas populares.
Câmara dos Deputados e Senado Federal terão disponíveis R$ 8,5 bilhões em 2013.
(Fonte:http://noticias.r7.com/brasil/orcamento-do-congresso-e-suficiente-para-construir-mais-de-163-mil-casas-populares-03022013).
6) Salários de vereadores aumentam em 19 capitais do país; veja lista »
Reajuste de 96,6% a vereadores de Rio Branco (AC) é o maior registrado. Valor mais alto é de R$ 17 mil, no RN; o menor, R$ 7 mil, no ES e em RO.
(Fonte:http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/01/salarios-de-vereadores-aumentam-em-19-capitais-do-pais-veja-lista.html)
7) ALERJ gasta R$43,2 mil com café expresso. (Fonte:http://oglobo.globo.com/rio/alerj-gasta-432-mil-com-cafe-expresso-7753934)
8) No legislativo, feriado prolongado começou na quarta feira (Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/no-legislativo-feriado-prolongado-comecou-na-quarta-feira-7966320)
9) Hacker sabe como fraudar eleições informatizadas (Fonte: http://www.jb.com.br/informe-jb/noticias/2012/12/13/hacker-sabe-como-fraudar-eleicoes-informatizadas/)

10) Imagem : www.google.com.br